O Antunes Coimbra mais famoso chega hoje à idade sexagenária, uma história intimamente ligada a seus irmãos
"Toda unanimidade é burra", disse certa vez o jornalista e escritor Nelson Rodrigues. "Não existe unanimidade no futebol", prega o senso comum. Um personagem das quatro linhas, porém, subverte a quaisquer afirmações do tipo. Arthur Antunes Coimbra, que depois virou Arthurzinho, Arthurzico e, finalmente, Zico, chega hoje aos 60 anos.
Zico, ao lado do irmão Fernando Antunes Coimbra, o Nando, durante homenagem feita pelo Centro Cultural do Ceará, em 2011, ao ex-jogador alvinegro da década de 1960 FOTO: LC MOREIRA
Maior personagem da história do Flamengo e do Maracanã, o craque eternizado com a camisa 10 rubro-negra pode ser narrado, sem exagero, como um ídolo de todas as torcidas do Rio e, por que não, de todos os brasileiros.
Simpático e querido por todos, ele conseguiu sobreviver até mesmo ao massacre pós-pênalti perdido na Copa de 1986, contra a França, que acabou tirando o Brasil nas quartas de final daquele Mundial.
O título da Libertadores de 1981, conquistado pelo Flamengo, diante do Cobreloa, é tido por Zico como "a maior alegria" que teve no futebol FOTO: ARQUIVO
Para além das lembranças futebolísticas, Zico é a joia mais preciosa de uma família que cresceu em torno do futebol. Filho mais novo entre seis irmãos - apenas uma mulher -, o caçula parecia predestinado a brilhar.
Logo cedo, os irmãos souberam disso. "Quando iniciamos a carreira de profissional, eu, o Zeca e o Edu, em todas as entrevistas, falávamos que o melhor estava por vir e era o Zico", lembra o irmão Fernando Antunes Coimbra, o Nando.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Nando - que viveu seu melhor momento pelo Ceará, no fim da década de 1960 -, relembra detalhes do início da carreira do irmão. "Com cinco anos, a gente já percebia o enorme interesse dele em fazer com a bola aquilo que os irmãos, por serem mais velhos, já faziam com naturalidade... E ele fazia".
Uma das recordações de Nando é do "chamego" de Zico com o irmão homem mais velho, Antunes, também conhecido como Zeca (falecido em 1997).
"Como era o caçula, ele foi cercado de privilégios impostos por nós e, principalmente, pelo Zeca, que gostava tanto dele que se tornou o segundo pai e não o largava. Até parecia que o Zico era propriedade dele. Por outro lado, o Zico curtia demais essa situação", recorda-se.
Berço
O carinho da convivência em família é, para Nando, uma das explicações para o fato de o Galinho de Quintino (apelido dado pelo radialista Waldir Amaral por seu passo elegante em campo) ser a tal unanimidade. "O Zico tem berço, tem humildade, responsabilidade e sempre esteve pronto a qualquer sacrifício. E foram muitos. Zico, como ninguém, levou isso ao pé da letra e hoje é um cara amado por todas as torcidas. E a família se sente muito grata e envaidecida", diz.
Prisão de Nando prejudicou os irmãos
Na década de 1960, Nando foi professor do Plano Nacional de Alfabetização (PNA), criado por Paulo Freire, quando a ditadura se instalou no Brasil (1964). "O primeiro ato deles foi considerar subversivo o PNA e, a partir daí, começou uma perseguição em todos os clubes que joguei, com exceção apenas para o meu clube de coração, o Ceará", lembra o irmão de Zico.
O Galinho com dois dos irmãos: Nando e Edu, em jogo festivo realizado em 1994 FOTO: ÁLBUM DE FAMÍLIA
O envolvimento de Nando com o PNA e com a prima Cecília Coimbra, que foi colaboradora do MR-8, o Movimento Revolucionário Oito de Outubro, acabou tornando-o inimigo em potencial do regime. E prejudicando a carreira dos irmãos Edu, craque no América/RJ, e Zico.
"Em 1970, fui preso no DOI-Codi, na Tijuca. A partir daí, a coisa ficou preta para a família Antunes. O Edu não foi convocado para a seleção de 1970 (da Copa do Mundo) porque era meu irmão, e o Zico, com 18 anos, foi, covardemente, cortado da seleção olímpica de 1972 porque eu tinha sido preso".
No entanto, a perseguição só o fortaleceu. Zico tornou-se o maior artilheiro da história do Flamengo, com 508 gols em 731 jogos. O comportamento altivo da família Antunes foi o segredo, acredita Nando. "Hoje temos plena consciência de que somos uma referência. Estamos cercado de carinhos pelo povo. E eles onde estão?", dispara.
"Toda unanimidade é burra", disse certa vez o jornalista e escritor Nelson Rodrigues. "Não existe unanimidade no futebol", prega o senso comum. Um personagem das quatro linhas, porém, subverte a quaisquer afirmações do tipo. Arthur Antunes Coimbra, que depois virou Arthurzinho, Arthurzico e, finalmente, Zico, chega hoje aos 60 anos.
Zico, ao lado do irmão Fernando Antunes Coimbra, o Nando, durante homenagem feita pelo Centro Cultural do Ceará, em 2011, ao ex-jogador alvinegro da década de 1960 FOTO: LC MOREIRA
Maior personagem da história do Flamengo e do Maracanã, o craque eternizado com a camisa 10 rubro-negra pode ser narrado, sem exagero, como um ídolo de todas as torcidas do Rio e, por que não, de todos os brasileiros.
Simpático e querido por todos, ele conseguiu sobreviver até mesmo ao massacre pós-pênalti perdido na Copa de 1986, contra a França, que acabou tirando o Brasil nas quartas de final daquele Mundial.
O título da Libertadores de 1981, conquistado pelo Flamengo, diante do Cobreloa, é tido por Zico como "a maior alegria" que teve no futebol FOTO: ARQUIVO
Para além das lembranças futebolísticas, Zico é a joia mais preciosa de uma família que cresceu em torno do futebol. Filho mais novo entre seis irmãos - apenas uma mulher -, o caçula parecia predestinado a brilhar.
Logo cedo, os irmãos souberam disso. "Quando iniciamos a carreira de profissional, eu, o Zeca e o Edu, em todas as entrevistas, falávamos que o melhor estava por vir e era o Zico", lembra o irmão Fernando Antunes Coimbra, o Nando.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Nando - que viveu seu melhor momento pelo Ceará, no fim da década de 1960 -, relembra detalhes do início da carreira do irmão. "Com cinco anos, a gente já percebia o enorme interesse dele em fazer com a bola aquilo que os irmãos, por serem mais velhos, já faziam com naturalidade... E ele fazia".
Uma das recordações de Nando é do "chamego" de Zico com o irmão homem mais velho, Antunes, também conhecido como Zeca (falecido em 1997).
"Como era o caçula, ele foi cercado de privilégios impostos por nós e, principalmente, pelo Zeca, que gostava tanto dele que se tornou o segundo pai e não o largava. Até parecia que o Zico era propriedade dele. Por outro lado, o Zico curtia demais essa situação", recorda-se.
Berço
O carinho da convivência em família é, para Nando, uma das explicações para o fato de o Galinho de Quintino (apelido dado pelo radialista Waldir Amaral por seu passo elegante em campo) ser a tal unanimidade. "O Zico tem berço, tem humildade, responsabilidade e sempre esteve pronto a qualquer sacrifício. E foram muitos. Zico, como ninguém, levou isso ao pé da letra e hoje é um cara amado por todas as torcidas. E a família se sente muito grata e envaidecida", diz.
Prisão de Nando prejudicou os irmãos
Na década de 1960, Nando foi professor do Plano Nacional de Alfabetização (PNA), criado por Paulo Freire, quando a ditadura se instalou no Brasil (1964). "O primeiro ato deles foi considerar subversivo o PNA e, a partir daí, começou uma perseguição em todos os clubes que joguei, com exceção apenas para o meu clube de coração, o Ceará", lembra o irmão de Zico.
O Galinho com dois dos irmãos: Nando e Edu, em jogo festivo realizado em 1994 FOTO: ÁLBUM DE FAMÍLIA
O envolvimento de Nando com o PNA e com a prima Cecília Coimbra, que foi colaboradora do MR-8, o Movimento Revolucionário Oito de Outubro, acabou tornando-o inimigo em potencial do regime. E prejudicando a carreira dos irmãos Edu, craque no América/RJ, e Zico.
"Em 1970, fui preso no DOI-Codi, na Tijuca. A partir daí, a coisa ficou preta para a família Antunes. O Edu não foi convocado para a seleção de 1970 (da Copa do Mundo) porque era meu irmão, e o Zico, com 18 anos, foi, covardemente, cortado da seleção olímpica de 1972 porque eu tinha sido preso".
No entanto, a perseguição só o fortaleceu. Zico tornou-se o maior artilheiro da história do Flamengo, com 508 gols em 731 jogos. O comportamento altivo da família Antunes foi o segredo, acredita Nando. "Hoje temos plena consciência de que somos uma referência. Estamos cercado de carinhos pelo povo. E eles onde estão?", dispara.
Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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