Com a queda de Ricardinho e Vica, já são 36 mudanças de técnico desde 2008 nos dois grandes cearensesA saída de treinadores em menos de duas semanas nos dois grandes clubes do futebol cearense enseja a reabertura de uma velha discussão no mundo do futebol: será que adianta demitir o técnico para que o time retome o rumo das vitórias?
Vica foi demitido após a eliminação da Copa do Nordeste, no último dia 3 Fotos: Kid Júnior
Ceará, que demitiu na noite da última quinta-feira, 14, Ricardinho, e Fortaleza, que já havia mandado embora Vica, logo após a eliminação da Copa do Nordeste para o Campinense, no último dia 3, seguem tentando acertar na base das múltiplas tentativas. Para se ter uma ideia, e traçando como recorte os últimos cinco anos, o Ceará já mudou de técnico nada mais nada menos que 17 vezes - sem contabilizar os interinos Edmundo Silveira e Anderson Silva.
O Tricolor do Pici, por sua vez, demonstrou ainda menor "paciência" com seus comandantes técnicos nos últimos anos. Passaram pelo Pici, nesse período, 19 treinadores - da mesma forma, não estão na lista os substitutos Alexandre Irineu, Celso Gavião e Márcio Rocha.
Os dirigentes tricolores e alvinegros concordam com a importância da continuidade, mas apontam a realidade do dia a dia do futebol para justificar o excesso nas trocas de profissionais.
Para o vice-presidente do Ceará, Robinson de Castro, a frequência na mudança de técnicos em times de futebol é comum em qualquer clube, independente da divisão. "Raras são as exceções, pois com a ausência de resultados fica difícil manter qualquer treinador. Talvez sejamos uma das poucas equipes que ainda buscam evitar mudanças recorrentes, mas quando o treinador não consegue motivar os atletas, fica difícil de mantê-lo", afirmou Robinson.
Ricardinho foi mandado embora na última quinta, depois do revés diante do Icasa, no Romeirão"O ideal é seguir com o treinador o ano inteiro, mas nem sempre isso acontece. Falta paciência à torcida e cada torcedor se acha um treinador. Então a pressão cai toda em cima do técnico", analisou o vice-presidente do Fortaleza, Daniel Frota.
Grandes do País
Só que a realidade de não conseguir manter um longo projeto no Estado é atestada pelos números. Descontadas as diferenças, especialmente as financeiras, se o mesmo levantamento for realizado junto aos quatro clubes de maior torcida do País (segundo pesquisa recente do Ibope), Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, os números impressionam bem menos.
No Rubro-Negro carioca, foram nove mudanças. No Tricolor paulista - antes adepto dos trabalhos a longo prazo - houve troca em sete ocasiões.
Já o Timão tem conseguido aproveitar os benefícios da longevidade dos comandantes: apenas três técnicos passaram por lá desde 2008. Essa mudança de procedimento ocorreu justo após a queda do time para a Série B, em 2007, redundando no título mundial em 2012.
Entretanto, seu arquirrival, Palmeiras, está aí para desqualificar qualquer lógica em relação ao assunto. Mesmo trocando de treinador somente quatro vezes nesse espaço de tempo, o Alviverde agora está amargando uma fatídica volta à Série B.
SAIBA MAIS
Pelo Ceará
De 2008 para cá, Heriberto da Cunha, Flávio Lopes, Dimas Filgueiras (três vezes), Lula Pereira (duas vezes), Zé Teodoro, Paulo César Gusmão (três vezes), Renê Simões, Estevam Soares (duas vezes), Mário Sérgio, Vágner Mancini e Ricardinho seguraram a prancheta de treinador em Porangabuçu
Pelo Fortaleza
No mesmo período, Silas Pereira, Heriberto da Cunha (duas vezes), Luiz Carlos Barbieri, Casemiro Mior, Mirandinha, Giba, Márcio Fernandes, Roberto Fernandes, Luiz Muller, Zé Teodoro, Flávio Araújo, Ferdinando Teixeira, Artur Bernardes, Ademir Fonseca (que sequer dirigiu o time em partida oficial), Júlio Araújo, Nedo Xavier, Vica e Hélio dos Anjos
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Postada:Gomes Silveira
Fonte:Diário do Nordeste
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