quarta-feira, 1 de maio de 2013

Determinação judicial - Devassa nas torcidas

A operação ´Campo Limpo´, do MP, culminou na prisão de duas pessoas e apreensões de armas e munições

A operação ´Campo Limpo´, determinada pelo Poder Judiciário do Ceará, atendendo a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), culminou na prisão de duas pessoas, integrantes de torcidas organizadas da Capital, na manhã de ontem. A decisão prevê ainda, a imediata suspensão das atividades das agremiações investigadas.



Conforme solicitação do Nudetor, está proibida a entrada de torcedores da JGT, da Cearamor e da TUF nos estádios cearenses fotos: Alex Costa/Kid Júnior

Conforme o promotor de Justiça Marcos William Leite, do Núcleo de Desporto e Defesa do Torcedor (Nudetor), "está proibida a entrada de integrantes, associados, e simpatizantes no estádio portando objetos indicadores de associações proibidas" se referindo às torcidas Cearamor, Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF) e Jovem Garra Tricolor (JGT). Os mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juiz da 8ª Vara Criminal, Henrique Jorge Granja de Castro, e pela juíza da 13ª Vara Cível, Francisca Francy Maria da Costa Farias, foram cumpridos por equipes da Polícia Civil e da PM na sede das torcidas.

Uma equipe da Delegacia de Narcóticos (Denarc), foi responsável pelas prisões que aconteceram na sede da Cearamor, na Avenida João Pessoa, em Porangabuçu. O gerente do estabelecimento, Marcelo Teixeira Oliveira, 35, e Antônio Fernandes de Melo, o ´Satanás´, foram autuados por porte ilegal de arma e de munição. "Se Marcelo é o gerente do local, ele tem responsabilidade pelo que for encontrado lá", disse o delegado Pedro Viana, titular da Denarc, que chefiava a ação policial.

Conforme Pedro Viana, no momento em que chegaram à sede da Cearamor, ´Satanás´, que fazia as vezes de vigia, estava trancado no banheiro e não abriu o portão. "Nós batemos e chamamos várias vezes, até que resolvemos arrombar. O vigia foi encontrado no banheiro. Nas buscas, achamos quatro munições de pistola, calibre 380; uma de calibre 38; e um revólver municiado com cinco projéteis, que tinha sido escondido pelo vigia".

Depois de preso, ´Satanás´ disse que escondeu o revólver e se trancou, porque tinha sido avisado sobre a chegada da Polícia. "Ele informou que o presidente da Cearamor, teria ligado mandando ele esconder a arma", disse o delegado da Denarc.

Já na sede da JGT, a Polícia achou um bilhete de um rifa, supostamente promovida por integrantes da torcida, que oferecia uma mulher como brinde. O prêmio inusitado surpreendeu os policiais, que consideraram o ato aviltante e desrespeitoso.

O MPE divulgou que um revólver, munições, computadores, pen drives, celulares, máquinas fotográficas e documentos foram encontrados. Em nota, o órgão informa que "todo o material apreendido será analisado e servirá de embasamento para o procedimento investigativo criminal já instaurado".


´Não haverá efeito se continuarem impunes´

O sociólogo Maurício Murad, autor do livro "Para entender a violência no futebol", lançado no ano passado, acredita que nenhuma dessas medidas resolverá o problema. "Todas as vezes que isso foi feito no mundo deram com os burros n´água. Não adiantar proibir entrada, nem extinguir a torcida, porque é empurrar todo esse coletivo para a clandestinidade. Aí sim será muito mais difícil monitorar quem é quem nas uniformizadas", diz.

Para ele, é preciso um plano estratégico nacional e até a existência de um disque denúncia para a torcida. Murad volta a bater na tecla de que a ausência de punição é o principal fator da recorrência das cenas de violência entre torcedores rivais.

"Nas pesquisas, verificamos que 90% dos conflitos ocorrem fora do estádio. Não adianta muito proibir a entrada. Um outro ponto é que só 5% a 7% dos torcedores são violentos. É uma minoria que prejudica o restante. Se fosse para extinguir uma instituição que foge dos seus objetivos, teríamos que acabar com Congresso Nacional, por exemplo. Então, não é por aí", explica.



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Postada:Gomes Silveira Fonte:Diário do Nordeste

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