terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Esporte - Com mais de R$ 700 mil de prejuízo, rodada de inauguração teve o primeiro rombo do Castelão

Nada de 40 mil ingressos vendidos, a grande rodada dupla da Copa do Nordeste que inaugurou o primeiro Estádio da Copa teve apenas 33.249 pagantes e exatamente mil torcedores
entraram gratuitamente (34.249 de público total). Número bem abaixo das expectativas da Secretaria Especial da Copa no Ceará (Secopa) e da Arena Castelão, administradora do Gigante da Boa Vista. Orçado em R$ 518 milhões, o novo Estádio (ou Arena, como vem sendo denominada tecnicamente) teve arrecadamento bruto de R$ 590.494 no domingo, conforme divulgado ontem pela Federação Cearense de Futebol (FCF), no Twitter.

Isso representa o primeiro grande rombo da Arena Castelão, pois de acordo com o vice-presidente do Ceará, Robinson de Castro, antes dos jogos os clubes receberam por contrato uma cota fixa da Arena, deixando a bilheteria para a administração (assim, o rateio tradicional não aconteceu). A cota de cada clube, segundo Robinson, foi a mesma e cada uma “muito maior do que a renda líquida de domingo”, mas o valor não foi revelado. De acordo com o borderô divulgado pela FCF, a receita líquida somada ao aluguel do campo (não pago, pois foi a própria Arena que ficou com a renda) foi de R$ 235 mil. Por tabela, isso sugere que cada clube tenha recebido pelo menos R$ 400 mil – montante que teria chegado a R$ 500 mil, segundo informações.

Então, vamos arredondar: o Castelão recebeu R$ 235 mil líquidos de bilheteria pelo domingo de inauguração (mais receitas com lanchonetes e estacionamentos) e pagou a Ceará e Fortaleza, juntos, cerca de R$ 1 milhão. Ou seja, o prejuízo da festa ficou na casa dos R$ 765 mil, atenuado pelo consumo dos torcedores com vagas e comidas. O resultado é exemplo prático do grande desafio do novo equipamento multiuso: a luta para não virar um “elefante branco”. Caro, o Estádio precisa de uma boa agenda comercial – com jogos, shows e outros eventos – para se manter, ou pode tornar-se inviável financeiramente.
Uso dos clubes
O tamanho do desafio é percebido pela dificuldade que a Arena vem tendo em elaborar um contrato de cessão de uso satisfatório tanto aos clubes quanto a ela própria. Ceará e Fortaleza já estiveram perto de assinar contrato de exclusividade, mas recuaram e as negociações estão emperradas há mais de um mês. Por isso, após a rodada de domingo, os times voltarão a jogar no Presidente Vargas pela Copa do Nordeste.

O PV, ainda segundo Robinson de Castro, é uma alternativa muito mais barata que o Castelão e, por isso, os clubes pedem uma compensação financeira mensal maior que a ofertada pela administração do Estádio. “Estamos próximos, mas ainda não chegamos a um valor. Para eles é pouco, mas para os clubes é muito [o custo do Castelão]”, diz o dirigente. O que mais pesa no bolso ao jogar na nova Arena é o quadro móvel, onde são incluídos os gastos com o pessoal e equipamento necessários em cada partida, como seguranças. Em relação ao PV, o Estádio da Copa custa “três ou quatro vezes mais”, de acordo com o vice do Ceará. Na mesma linha segue o diretor administrativo do Fortaleza, Noé de Brito, que já havia dado declarações de que, para viabilizar um jogo no Castelão, o clube teria que levar 30 mil torcedores a cada partida, contra 12 mil em jogos no PV.

Com pouca gente na tão aguardada estreia, ganham mais força as perguntas sobre a viabilidade da Arena e muda-se também a análise sobre acesso e segurança. Com contingente policial de 1.695 homens, entre Polícia Militar, Guarda Municipal e outros corpos, a proporção foi de um agente da lei para cada 20 torcedores, índice que não chegará nem perto de ser repetido em jogos comuns de Ceará e Fortaleza. Ou seja, o evento não serviu como teste do novo cenário.



Postada:Gomes Silveira
Fonte;O Estado

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